Dia desses estava sentado no aeroporto esperando meu voo que já estava atrasado por quase uma hora. "Congonhas né?"
Só quem já teve que sentar no chão de um espaço publico devido a falência das pernas e falta de lugar sabe o quanto tudo isso é desconfortável. Pelo menos tinha uma tomada do lado e pude carregar meu celular. A bateria já estava acabando devidos os reels de Instagram e partidas de xadrez jogadas para matar o tempo.
Entediado comecei a olhar em volta. Todas aquelas pessoas apressadas. Algumas com seus voos também atrasados, outras que deviam ir encontrar parentes distantes... Sei lá. Me vi tentando imaginar as histórias por detrás daqueles corpos acelerados.
Um em especial me chamou a atenção, dois na verdade. Eram duas mulheres com rostos chorosos, uma falou algo que me pareceu um pedido de desculpas enquanto a outra lhe empurrou afastando e saiu. Meu atraso pareceu um problema pequeno diante de alguém que tem uma discussão em um aeroporto.
Fiquei pensando sobre.
Acho que já disse em outra crônica que escritores são observadores e fofoqueiros. Pois é.
Me vi pensando sobre laços, vínculos quebrados.
Pra mim que me mudei de minha cidade e vim parar a quase mil e trezentos quilômetros de distância esse é um pensamento que me pega. É mais difícil criar amizades depois da vida adulta. Creio que perdê-las deve doer muito. Em Congonhas? Pior ainda.
Me lembrei de uma madrinha, muito próxima na minha infância e que hoje perdemos contato. Ela se casou, mudou para o Rio de Janeiro. Eu tomei coragem e me mudei pra São Paulo. E assim mal nos falamos.
É chato quando a gente se dá conta que algumas escolhas por mera rotina nos afastam de pessoas que queríamos perto. Pior ainda quando a gente se acostuma com isso.
A vida não pode ser só isso. Trabalhar, pagar contas, reclamar do chefe e comer uns sushis no dia cinco quando a conta ainda tem dinheiro. Antes de pagar o aluguel é claro.
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