Dia desses vi em um banheiro público de um hospital um botão vermelho e uma placa que me chamaram atenção: “Só aperte o botão em caso de emergência”. Enxerido que sou tive vontade de apertar, mas não apertei, achei que a curiosidade que surgiu era emergência só minha, não do hospital.
Mas fiquei ali pensando em como definir o que é emergência. Quem define? Emergências de banheiro são diferentes de emergências domiciliares? E no hospital? As prioridades mudam?
É que eu sempre fui de questionar, de tentar entender.
Tento muito... consigo pouco.
Mas tento.
Como escritor sigo agarrado as palavras e ao seu poder, acho engraçadas algumas expressões do dia -a - dia. Várias pessoas cruzam comigo pelos corredores da empresa e me perguntam: “Tudo bem?”.
A intenção é boa, sempre é.
E nem é pelo bem, é mais pelo tudo mesmo. Tudo é uma palavra muito complexa, pesada, ela tem por padrão definir um conceito amplo demais. Não sei dizer se está tudo bem. As contas estão pagas, a vida amorosa um mar de rosas, mas o Juninho não está indo muito bem na escola, precisa de aulas de reforço em geografia. Logo geografia, se fosse em matemática eu mesmo ensinava. Aí quando o boletim do filho caçula começa a azular novamente, despedindo se do vermelho que além das notas pintava meu orçamento por conta de tantas aulas particulares inesperadas, vem o carro e começa a fazer um barulhinho chato, daqueles que só o Antônio, meu mecânico de mais de 15 anos sabe resolver. Ou é isso ou é a torneira da cozinha que não para de pingar.
Nunca está tudo bem e tudo bem mesmo assim, porque tudo é uma palavra muito complexa, pesada.
コメント