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Foto do escritorJeff Ribeiro

ELE ERA COELHO E ELA TARTARUGA


Sabe quando duas pessoas com pensamentos distintos decidem morar na mesma casa? Dividir o mesmo espaço?


Um quer a luz acesa, o outro apagada. Um quer o feijão por cima do arroz, o outro nem arroz come.


É assim com a razão e a emoção. Enquanto o coração dispara, o cérebro diz: para!

Esse eterno FLA X FLU. É biscoito ou bolacha?


Ele a conheceu na fila do stand up. Se sentaram a duas cadeiras de distância. “Quem vem sozinha em um show de comédia?” Ele pensou.


Ele veio, ela também. Puxou assunto na saída enquanto esperavam o Uber. Disse que riu muito da piada do tomate na feira. Na verdade, nem tinha achado tanta graça, mas foi a que ela mais riu. Ele reparou. Ficou querendo saber mais da moça que atraiu mais sua atenção do que o comediante.


E de novo o diálogo interno entre razão e emoção. O coração dispara, pensa em chamar ela pra sair. E o cérebro diz: para! Você acabou de terminar um relacionamento.


Resolveu ficar no meio termo, pediu o telefone. Conversar nunca fez mal a ninguém.


E assim foi... Conversavam pela manhã, um pouco entre a correria do dia e rapidinho antes de dormir.


Já estavam nessa há quase um mês. Ele viu o anúncio do show do Padilha. Perguntou se ela iria com ele. Ela disse que ainda não, pra se conhecerem melhor, deixar o papo fluir. Ele queria uma conversa presencial, já estava cansado desse bate papo EAD, mas não quis insistir.


No outro dia postou fotos do show. Ela perguntou com foi. Conversaram por mais umas duas horas.

Ele esparramado no sofá, rindo pra tela do celular. Ela na cozinha fazendo o almoço e intercalando entre refogar os legumes e mandar mensagens pra ele.


E desse jeito despretensioso um já fazia parte da rotina do outro. A cada conversa ele pensava em chamar novamente pra sair, tomar um café, um açaí, qualquer coisa além dos limites do WWW. Desligar a conexão com a rede pra criar uma conexão real.


Mas ela parecia querer ir com calma, calma até demais ele pensava.


Ele era coelho e ela tartaruga. Na floresta do amor, espécies diferentes não se bicam, mas nem bicos eles tinham. E assim não demorou muito pra surgir um novo convite. Da parte dele é claro. Dessa vez a resposta foi um sim.


Quebrar a cara no amor é perigoso, depois da segunda vez então…


Deixa a gente cheio de medos e ressalvas.


Era assim com ela.


Ela gostou dele desde o dia que ficaram conversando na saída do show. Achou ele bonitinho e bom de papo, mas é que no início todos são. Preferia deixar o papo ir, ver como ele era. Depois de quase dois meses de longos papos filosóficos, e nenhuma mensagem pedindo nudes ou foto de agora resolveu que ele valia o risco.


Aceitou o encontro.


Uma cafeteria em Pinheiros. Um desses lugares que a gente vê todo mundo postar foto no Instagram e promete que um dia vai lá ver se o café é gostoso e as fotos ficam boas pra postar na rede.


Pessoalmente o papo era ainda melhor. Ele sabia transitar em diferentes mundos. Cinema, literatura e memes da internet. Quase um príncipe contemporâneo.


O “sensor aranha” ativou. O pensamento de que é bom demais pra ser verdade ecoava em sua mente, fazia seu coração recuar.


Seu coração é igual ao porta-retrato da sala que caiu enquanto tirava o pó em dia de faxina e foi colado. A gente sabe que não é mais o mesmo e precisa de cuidado ao manusear.


Sorte que ele é cuidadoso, estão juntos desde a cafeteria.

Tem dias que o café é na rua, tem dia que é na cama.

Mas sempre forte e sem açúcar…

Doce é só o sentimento dos dois.


O coração dispara, o cérebro diz: para! Mas quando o santo bate e o beijo encaixa o match é certo.
Supera até coração ferido. Afinal, ninguém explica as coisas do coração.

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