LISTA

Dia desses li um texto que falava assim: Quero alguém que me compreenda, que seja companheiro, amoroso, etc.

Essa enorme lista de "queros" me fez pensar.

Todos temos esses “quereres”, mas pessoas não são listas de qualidades ticadas em uma folha em branco. É muita pretensão achar que um relacionamento seja algo a lá carte, que se encontre disponível nas prateleiras do mercadinho da esquina.

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Sei que todos temos nossos valores, e tudo bem. Só conhecendo o que é inegociável pra se posicionar em um relacionamento.

Agora imaginar um ser humano padrão, impresso de uma lista? Aí é a fórmula pra acabar sozinho e frustrado, esperando em cada pessoa uma projeção que não existe.

Haja alinhamento de expectativas.

Já reparou que os melhores relacionamentos começam assim do nada?

Seu melhor amigo ou amiga, se lembra quando que a amizade virou o que é hoje? Seu colega de trabalho com quem fica falando dos gols da rodada e da nova série que estreou na Netflix, quando criaram essa afinidade?

Difícil responder, porque é algo natural. Talvez a questão seja que tem pessoas que simplesmente nos fazem bem, nos arrancam sorrisos até naquele dia que o chefe passou 318 relatórios para a quinta, véspera de feriado.

Ou quando o carro quebrou no trânsito de fim de tarde da marginal e você ainda pisou na merda de cachorro que alguém esqueceu de recolher.

Acho que me empolguei nos exemplos. Mas voltando aos amores, queremos que tenhamos coisas em comum, imaginando cenas de filmes onde ficamos com a pessoa caminhando ao fim de tarde ou andando de pedalinho. E nem nos damos conta de que só um café, destes de mercado mesmo, ali na cozinha comendo pão com manteiga é o melhor rolê, só  por conta do papo e dos risos.

Precisamos de menos listas e mais vida. Descobri isso quando alguém me arrancou um sorriso em um bar bebendo coca cola e rindo do vocalista rouco tentando tocar Jota Quest.

Sai cheio de histórias pra contar.

Na verdade, uma lista delas.