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Foto do escritorJeff Ribeiro

[parte 2] A VIDA É AGORA, O RESTO A GENTE RESOLVE AMANHÃ…



“Quer vir pra cá?” O convite foi quase automático. O sim dele também e quando viu já estava lá ouvindo Menos é Mais e bebendo Heineken gelada. Entre falas no ouvido e outras não entendidas por conta do barulho da música alta rolou um beijo. Rolou também o desconcerto por conta dos olhares de “Ai que fofo!” das amigas dela.
“Vamos sair daqui?” Ela perguntou.

“Pra onde quer ir?” Ele respondeu tentando entender os planos dela.

“Vem comigo que no caminho eu te conto.”

“Mas meu carro ficou no estacionamen…”

“Depois a gente resgata ele.” Disse ela o interrompendo e puxando pela mão. Despediu das amigas que olhavam com risinhos bobos no rosto e entraram no carro.

Foram a um bar algumas quadras abaixo. Mesa de sinuca e copo sujo. Era o bar preferido dela.
Conversaram por horas. Parecia que ainda tinham mais pra conversar.

Precisavam pegar o carro dele, mas também precisavam continuar a conversa.

Ele a chamou pra ir na casa dele. Ela achou precipitado, mas deu outra sugestão.

Foram até o estacionamento, pegaram o carro e ela pediu que ele a seguisse até um lugar especial.

Era uma rua sem saída. Nada demais, foi o que ele pensou.

Entrou no carro dela e continuaram conversando. Deram mais alguns beijos, mas não passou disso.

Ele queria, ela também, mas tem coisas que tem hora e lugar. O papo era tão bom que o desejo virou segundo plano. Eles sabiam que existiria um segundo encontro, um terceiro e quem sabe até mais.

Sem pressa...

Ele chegou em casa por volta das três da manhã. Se arrastou no trabalho no outro dia. Na manhã seguinte a cada pescada na frente do monitor vinha o pensamento de que a noite valeu a pena.

Encarou o celular umas vinte vezes pensando em mandar mensagem. “Quem tem que mandar mensagem primeiro?” Pensou, repensou, mas acabou jogando essas convenções ridículas pra longe e mandou uma mensagem de bom dia.

Cheia de sono e trabalho ela demorou umas três horas pra responder. Ficou rindo sozinha, lembrando do papo que quase esqueceu de apertar pra enviar a mensagem.

Ficaram o dia todo nessa conversa espaçada pelo trabalho. A noite conversaram um pouco. Veio aquela vontade de se ver, mas o cansaço falou que não.

Marcaram na quinta. Era dia de rock no bar preferido dela. O mesmo copo sujo do domingo. Ele já estava elegendo como seu bar preferido também. Afinal o bar tinha cerveja gelada e boas memórias.

A quinta demorou para chegar, a semana parecia um eterno mês de agosto.

Demorou, mas chegou. E com ela a nostalgia de várias músicas antigas de rock nacional. Acostumado com as baladas que só tocavam sertanejo, ele se viu cantando algumas músicas do Detonautas, CPM22 e Capital Inicial que ouvia em sua adolescência.

Os dois cantaram juntos a letra inteira de Natasha e Dias atrás. Se beijaram ao som de Primeiros Erros e voltaram pra casa ouvindo uma playlist só de músicas da época da novela Malhação. Era a nostalgia perfeita.

Ela perguntou se ele queria tomar um vinho na casa dela. Ele não gosta de vinho, mas gostava da companhia dela. Lembrou que trabalhava na sexta. Mas foi assim mesmo.

Combinaram de inventar qualquer desculpa no trabalho só pra passarem o dia na cama.

A vida é agora, o resto a gente resolve amanhã…
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