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POR ISSO VIVO DE ESCREVER CRÔNICAS

Foto do escritor: Jeff RibeiroJeff Ribeiro

Quando era mais novo, sempre que eu assistia aqueles filmes em que pessoas eram esperadas no desembarque do avião com seu nome gravado em placas eu desejava ser tão importante a ponto de um dia ter alguém a minha espera com um cartaz contendo meu nome.


Essa crônica e sobre o dia que por fim tive minha plaquinha, porém sem nenhum glamour.


Fiz uma viagem recente onde todos os contratempos possíveis me ocorreram. Desde Uber atrasando até avião esperando autorização da central para levantar voo.


Mas com calma chego lá... Tanto ao destino quanto a essa parte da história.


Eu sempre tive a impressão de que o aeroporto de Congonhas é a Caverna do Dragão dos tempos modernos. Assim como no desenho, quando se entra ali pode esquecer a hora de saída, ou de embarque. O tempo não respeita as leis da física.


Os voos atrasam, o embarque muda de lugar e é aquela correria até o portão certo. E tudo isso sem falar do preço do pão de queijo.

Eu que estava com fome, pra pagar a refeição anunciei a venda do meu carro.


Exageros à parte, consegui fazer o check-in. De barriga cheia e bolso vazio fui guiado até um ônibus que me levou até a aeronave. Me lembrando dos tempos de transporte público até o trabalho. Saí do ônibus e já entrei molhado no avião, por conta da chuva forte. Pois é, além de tudo isso ainda tinha uma chuva que insistia em dificultar as coisas. Deve ser a tal da lei de Murphy que tanto falam.


Nisso já se dava quase uma hora de atraso, roupas molhadas e a paciência ficou na sala de embarque. Respirei aliviado, entrei no avião, acomodei minha bagagem e coloquei meus fones de ouvido. Ufa! Agora sim, #partiu. Só que não...


O avião ainda ficou parado cerca de quarenta minutos, aguardando liberação pra voar. Nisto a frustração era imensa. O plano de terminar a noite no Hard Rock Café já havia ido por água abaixo. Uma parte da vigem perdida. O desejo agora era chegar no hotel tomar um banho e dormir. Os planos de boa música e chope gelado foram substituídos pelo lanche do avião. Um hambúrguer de carne e provolone. A carne era soja e o provolone só história.


Terminei de assistir os dois episódios que faltavam da série que estou acompanhando, organizei umas ideias do texto da semana seguinte e tirei um cochilo nos minutos restantes.


Me senti entre Lost e Manifesto. Chuva de contratempos!


O transfer que me esperava no aeroporto já havia ido embora, nem ele quis esperar.

Às pressas consegui outro, que ficou me esperando com uma plaquinha com meu nome.

Era uma ideia de criança sendo desconstruída pela vida adulta, assim como tantas outras...


Meu primeiro sentimento, admito que foi revolta. A gente paga caro, planeja a viagem e ainda passa por tantos desencontros no caminho. Mas depois de cinco minutos o frio do sul foi acalmando meu agitado coração.


Muitas vezes não as coisas não saem como planejado. Azar, destino ou qualquer outro nome. Eu prefiro chamar de vida real mesmo.


Apesar de todos os contratempos esse foi o dia que realizei um sonho de infância.


Coisas boas acontecem assim do nada. Boas histórias também.

Por isso vivo de escrever crônicas...

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