Uma crônica sobre amizades e o passar do tempo
Dia desses li uma crônica sobre amizades e me peguei pensando nas minhas. Desde os primeiros amigos da época de escola até os da adolescência.
Muitas amizades passam por nossa vida, mas poucas ficam de fato. E tudo isso é porque vamos mudando no processo.
Na primeira série eu tinha como melhor amigo o Gustavo. Brincávamos com nossos bonecos de Power Rangers (aqueles que viram a cabeça sabe?), ou de bolinha de gude. Mas na segunda série nossa amizade se desfez quando eu perdi sua bolinha preferida. Foi mais do que ele podia suportar. Fiquei um tempo sozinho, outro tempo com a Ritinha, trocávamos balas e pirulitos. Acho que era outro tipo de amizade.
Já lá pelos dez anos tinha o Thiago, jogávamos vídeo game. Tenho fortes lembranças dessa época. Do Mario Kart, do Donkey Kong, mas principalmente do biscoito frito que a mãe dele fazia. Até hoje quando vejo biscoito caseiro me dá vontade de jogar Super Nintendo.
Depois destes vieram outros, mas o melhor de tudo foram os que ficaram, os que não mudaram com o tempo ou aceitaram as mudanças.
O Thiago inclusive eu fui ao casamento dele. Dei de presente um jogo de panelas. Achei que um cartucho do Mario não seria um bom presente. Apenas uma boa memória. A vida seguiu apesar das mudanças, ou talvez por conta delas. Quem sabe?
Triste mesmo são aquelas amizades que não conseguiram resistir, por mais que quiséssemos. O escritor Lucão deu a isso o nome de ex-amigo. Mas é que me recuso a aceitar certos términos. Recentemente tive um destes rompimentos, ou quase com um amigo de dezesseis anos. Não sei se foi mesmo um término que o coloque no grupo dos ex-amigos pois ainda estamos na fase de dar um gelo, ver como tudo vai ser.
Não estou preparado pra transição. Mas também não sei como reverter. Não é orgulho nem nada. É que tem coisas na vida que são difíceis de lidar. Ninguém aprende na faculdade a superar os finais difíceis.
Sejam eles de namoros, amizades ou até mesmo o final do Lost.
Acho que o que quero dizer é que não sei se o fim dessa amizade é porque o tempo e a vida nos mudaram, ou se em algum momento eu quebrei a bolinha preferida desse meu quase ex-amigo. O que sei é que compartilhamos e apoiamos muitas das mudanças um do outro nessas quase duas décadas. Vimos pessoas irem e virem dos dois lados e nós sempre ficamos. Bem... Até agora.
Eu escrevi uma crônica que se chama coisas da vida. Escrevi na esperança de aceitar todas essas coisas que fogem do nosso controle. Mas é que algumas são mais complicadas do que outras. E nesse processo eu me vejo mais perdido do que o Mario na fase da água.
Talvez o leitor não entenda essa referência. O Thiago entenderia, e talvez até abra um sorriso quando ler esse texto.
Mas o triste e que provavelmente meu mais novo ex-amigo não lerá. Faz parte do processo parar de ler os textos um do outro. Não seguir mais nas redes sociais e nem mandar mensagem a qualquer hora do dia.
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