
Tem um episódio de uma série de comédia que um dos personagens se corta com uma torrada.
Fiquei pensando até onde um pão em formato triangular poderia realmente infringir algum dano.
Estranho pensar em algo que seria pra alimentar alguém, acabar rasgando a pele.
Mas não seria assim com o amor?
Como alguém que nos fez rir, cantar e gozar hoje é motivo de choro e angústia? Será o amor igual a uma torrada?
Gostoso, mas pode machucar...
A presença da pessoa se mostra em pequenas ausências. O cheiro do perfume no travesseiro, a calcinha esquecida no fundo da gaveta ou toda vez que vou enviar algo no WhatsApp lá está o aplicativo do tio Zuckerberg me sugerindo que envie pra ela. De tantos memes trocados, ele acha que quero mandar até o comprovante de pagamento do delivery.
O motoboy vai embora sem entender minha cara de choro, achando ser o culpado pelo sumiço repentino do sorriso que antes se encontrava em meu rosto.
Subo ao apartamento com meu X-Bacon, me recordo que era seu lanche preferido. Volto ao dia que lambuzou o rosto de mostarda e eu não conseguia parar de rir.
Lembranças afiadas, cortam mais que torradas.
Nunca imaginei que alguém poderia chorar enquanto come bacon. Assim como nunca imaginei que carboidrato assado fosse arma branca.
Mas também, eu nunca entendi bem o amor.
Deve ser isso.
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