
Fico pensando que relacionamento é esforço conjunto. Um nutrindo o outro.
Quando eu disse isso, ela riu. Era nutricionista.
Acho que em algum ponto nossa dieta desandou. Foram alguns fast foods, alguns jejuns intermitentes e vários doces fora de hora.
Lembrei da minha mãe que dizia que até a melhor comida do mundo, quando se erra no tempero, o prato desanda.
Não sei se foi o caso, mas gosto de pensar que nos tornamos pessoas diferentes, por isso o fim. Fica mais fácil aceitar.
Nem todo relacionamento acaba com mágoa, ódio. Às vezes são apenas duas pessoas que querem coisas diferentes, que mudaram pelo caminho.
Ainda somos amigos, trocamos mensagens nos aniversários e datas comerciais. Como apagar alguém que foi tanto? E por que precisaria?
Dia desses saí com uma psicóloga, prosa fácil, riso solto.
Mas não sei, fico com o pé atrás, quase uma centopeia. Medo dela me analisar, de meter os pés pelas mãos.
Foda é que meus amigos brincam que ganhei terapia grátis.
Mal sabem eles de como fico desconfortável, pensando que ela me analisa enquanto tomo meu café.
Amanhã vou na casa dela. Prometeu o melhor risoto de salmão que já comi.
Espero que não erre a mão no tempero.
E nem estou mais falando da comida.
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